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RESGATANDO MEMÓRIAS


 

Sinopse

Elvira Domingues Espinosa Lopes morou no bairro dos Pereiras em Cotia durante 52 anos, ao longo de sua história acompanhou todas as mudanças e avanços da região, passou pelos problemas que haviam no local antigamente, dificuldades com locomoção e falta de interesse por parte da prefeitura em fazer mudanças. Era muito conhecida pelos moradores pelo seu armazém e eventos no campo de futebol que era em seu terreno, sempre dava suporte aos moradores que pediam por sua ajuda e juntamente com sua família sempre foi uma grande influência no local.

 

Introdução


Entrevista


História completa

Introdução:

A: Boa noite, qual o seu nome?

E: Boa noite, meu nome é Elvira Domingues Espinosa Lopes

A: Qual o ano de nascimento da senhora?

E: 16/05/1946

A: Qual foi o ano que a senhora veio morar aqui no bairro dos Pereiras?

E: Eu mudei aqui no dia 17/03/1967

A: Quais foram suas primeiras impressões sobre bairro?

E: Eu me decepcionei quando cheguei aqui, morava em um lugar bonito, tinha energia, tinha água, ônibus, tinha tudo. Vim pra cá e era só mato, não tinha água, não tinha energia elétrica, não tinha ônibus, pra sair precisava pegar um ônibus que saia de manhã e voltava a tarde, ou pagar um táxi pra ir embora porque não tinha como vir. Era muito difícil aqui.


Entrevista:

A: Qual foi o seu primeiro emprego aqui no bairro?

E: Quando nós viemos pra cá nós compramos um armazém, em um sitio, onde não tinha mercadoria não tinha nada, só o nome de armazém, ai nós começamos a trabalhar e eu coloquei mercadoria, consegui uma clientela muito boa, tinha muitos clientes, entregava compra pra todos os lados. Logo comprei meu carrinho, pra mim fazer minha compras e entregas, e minha freguesia só aumentava, trabalhava dia e noite pra poder manter meu comercio bem sortido.

A: Como eram os meios de locomoção aqui no bairro?

E: Não existia, era bicicleta e andavam a pé, e os mais assim.. um pouquinho...donos de granjas, que tinha muitas granjas de frango e donos de olarias essas coisas compravam seus carrinhos. Depois que eu mudei pra cá, cada um começou a comprar seu carrinho, mas eram pouquíssimas pessoas que tinham condução própria, então tudo eles me procuravam quando comprei o meu, qualquer coisa que acontecia eles corriam pra cá para que eu socorresse, uma criança que se macucava ou uma pessoa que ficava doente, era tudo eu e meu marido que ia socorrer, levar até o médico, até a farmácia, naquele tempo não tinha nem ambulatório medico em Caucaia, era tudo em Cotia ou no Hospital das clinicas em São Paulo.

A: A senhora e seu marido possuíam algum tipo de influência no bairro por causa do armazém ou do campo de futebol?

E: Ah sim, a gente era muito conhecido, por acusa do armazém e do futebol, todo final de semana tinha jogo no campo era no nosso terreno, a gente fazia festival de futebol todo ano, era aquela festa, então nós aqui agitamos muito o bairro, o pessoal contava muito com a gente para tudo.

A: Como a senhora enxerga a industrialização no bairro, e a presença de novos moradores chegando ao decorrer das décadas?

E: Foi muito demorado.. como eu digo pra você? aumentar aqui porque aqui era uma família, e eu e meu marido éramos a família que veio de fora, os outros eram todos nascidos e criados aqui, então depois que nós viemos começaram a aparecer pessoas pra comprar chácaras, um comprava uma chácara aqui e outro comprava lá, e todos vinham procurar a gente pra servir refeição para os empregados, eu servia as professoras que davam aula aqui, elas ficavam alojadas em minha casa e iam embora a cada quinze dias porque elas vinham de Sorocaba, e então eu ficava assim.. ajudando esse povo desse jeito, e foi demorando pra aumentar porque demorou muito a evolução aqui, era um bairro muito atrasado. Depois que fizeram o primeiro condomínio aqui, aquilo foi uma novidade muito grande, também éramos nós que servíamos o pessoal que trabalhava no condomínio, que faziam o asfalto, cortar o lotes pra vender, então todos vinham aqui em casa procurar a gente pra tudo. E com isso eu vivia no trabalho, as 24 horas do dia, não tinha tempo pra nada.

A: Qual é a sua principal lembrança sobre o bairro?

E: Minha principal lembrança? Ah minha filha é tão difícil de pensar nisso, lembrar isso... minha principal lembrança?

A: Ou alguma lembrança que a senhora tem sobre o bairro ou momento marcante?

E: Eu achava o bairro muito bonito porque ele tinha muita água, muitas lagoas, todo lado que você passava tinha uma lagoa, e meus filhos foram aparecendo e tinha um deles que gostava de pescar, com 3 aninhos de idade ele já queria ir para a beira do rio com a varinha de pescar, e aquilo pra gente era uma festa, e é isso que me marcou, a criação dos filhos nesse lugar porque todo mundo queria brincar com eles né? achavam eles eram os maiores do bairro, então todos eles vinham em casa chamar eles pra brincar e era aquela festa aqui em casa. Cheguei a dar catequese para as crianças aqui que não tinham religião, as crianças não sabiam o que era religião, teve uma época que eu estava com 29 crianças aqui, eu tirava um tempo, um dia por semana e dava catequese pra eles, ensinava eles a rezar, e esse pessoal ainda moram por aqui, que são os meninos ali da Dona Rosa e outros que moram ali pra baixo, eu lembro muito bem disso porque foi uma coisa que marcou muito a minha vida aqui no bairro. Eu queria ajudar todos, era muito difícil as mães colocarem os filhos na escola a gente precisava ficar pedindo pra elas levarem pra escola, e era essa a dificuldade que tinha aqui mas ao mesmo tempo era gostoso porque era um bairro muito simples.

A: Atualmente a senhora tem familiares que moram no bairro ou a senhora ainda mora aqui?

E: Eu morei aqui 52 anos e 4 meses, agora eu sai, consegui depois que eu fiquei viúva comprei uma casinha menor em Caucaia e fui morar lá, mas ainda tem os meus filhos e netos que nasceram e cresceram aqui, e agora os netos estão casando aqui e vão ficando por aqui, então o bairro ainda continua meu, eu acho que é meu bairro aqui.

A: A senhora tem algum desejo ou teria algum conselho para quem gostaria de visitar o bairro?

E: Olha.. isso fica difícil pra mim falar pra você, porque a gente não tem um ponto turístico aqui, que deveria ter né? mas a gente não tem, agora que a prefeitura ta começando a melhorar o bairro, fazendo alguma coisa aqui, porque também era um bairro abandonado por esse pessoal de prefeitura que fazem as coisas nos bairros, a gente pedia, pedíamos asfalto e eles não faziam, era muito difícil pra conseguir as coisas pra esses bairros aqui, porque ninguém dava valor pro bairro, hoje ele é um bairro valorizado, tem muitos condomínios, novos loteamentos que esta aumentando muito o pessoal por aqui, então estão valorizando agora aqui porque ele já foi muito abandonado, muitos anos.

A: A senhora poderia mostrar imagens do bairro no passado?

(Primeira imagem: os filhos caminhando na estrada de terra, indo para a escola)

E: Tenho algumas aqui, olha a dificuldade pros meus filhos irem pra escola, minha filha mais nova e meu filho, terceiro filho e quarta filha, eles iam a pé daqui até a avenida principal que dá mais de 1km, pra pegar o ônibus pra ir a escola, porque aqui não tinha como.

(Segunda imagem: Os filhos com suas Bicicletas, indo para a romaria)

E: Essa aqui era uma romaria que eles participavam, todo ano eles iam pra romaria de bicicleta, mas essa romaria era de Caucaia mas passava por aqui e quando passava por aqui todos se reuniam e eles iam juntos

(Terceira imagem: Foto do filho no balcão do armazém da família)

E: Esse era o meu armazém, ai meu filho mais velho já tava grandinho no meio do dia quando não tinha movimento ele ficava no balcão servindo algumas pessoas quando chegavam, as compras era a gente que arrumava mas bebidas e coisas assim era ele que arrumava, ele trabalha todo a vontade, shortinho, descalço e sem camisa, era muito gostoso na época aqui

(Quarta imagem: Foto da casa de sua mãe

E: É uma casa que construí pra minha mãe, quando meu irmão morreu ela não tinha onde morar, eu construí uma casa pra ela em um pedaço do meu terreno, que é onde eu morei depois por mais 28 anos nela depois que minha mãe foi embora

(Quinta imagem: Dona Elvira mais jovem em seu jardim na sua casa)

E: Aqui era eu aguando meu jardim, eu tinha um jardim muito bonito, não ta aparecendo todas as flores aqui mas eu tinha um jardim muito bonito no meu quintal. E são essas as lembranças minhas que eu guardo no meu coração e na mente.

A: Muito Obrigada pela sua entrevista!



Acervo pessoal

BAR DA FAMÍLIA DA ENTREVISTADA NA DÉCADA DE 60 E ATUALMENTE

CAMPINHO DE FUTEBOL ATUALMENTE


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